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28 de julho de 2009

LENDAS PIRACICABANAS

ALGUMAS LENDAS PIRACICABANAS PARA MINHAS AMIGAS... TEM MAIS NO SITE http://www.aprovincia.com/


O sono do Salto
Fonte: Livro
Autoria: Waldemar Iglesias Fernandes.

Salto que todos os dias, no meio da noite, dorme um pouquinho. Dizem que, todos os dias, à meia-noite, numa fração de minuto o Salto cessa de fazer barulho e "dorme". Esta crendice foi-me contada, há muitos anos, por uma senhora de cor, minha conhecida.Reproduzo o caso, usando mais ou menos suas próprias palavras: Uma ocasião eu estava num baile lá na rua do Porto. Quando foi perto de meia-noite, eu tinha dançado bastante e sai pra fora e sentei no barranco do rio, descansar um pouco. O Salto, lá de longe, fazia o barulhão de sempre.

Turco que come criança
Fonte: Livro: Lendas e Crendices de Piracicaba e outros estudos
Autoria: Waldemar Iglésias Fernandes.

Uma espécie de "bicho papão" .
O "turco que come criança" firmou-se em nossa tradição popular como um duende, do tipo do Saci, do Caipora, etc. E ele uma espécie de "bicho papão", com crença generalizada em todo o Estado, porém fortemente achegada a Piracicaba.
Contam que, antigamente, os primeiros turcos mascates que apareceram furtavam crianças para comer. Essa ridiculacrendice creio ser atribuida aos nossos matutos e dá-se desculpas a eles que, cismados por natureza, não simpatizaram logo com esses civilizados e cultos orientais, vindos de tão longe e de Iingua tão estranha e, conseqüentemente (na idéia dos matutos) capazes de tudo.
Consta que a crença foi tão sólida que, com os corriqueiros desaparecimentos de crianças, até surgiram, de pais aflitos, queixas à policia contra os turcos "antropófagos". Essas queixas estão noticiadas em antigos jornais da terra.
Ainda hoje é comum, e já ouvi muitas vezes, certas mães ameaçarem os filhos com a aparição do "turco que come criança", da mesma maneira que as mães antigas os ameaçavam com a Cuca ou o Lobishomem. E isso sana qualquer desobediência, reinação ou falta de sono ...

A Inhala Seca


Fonte: Retrado das tradições Piracicabanas
Autoria: Hugo Pedro Carradore.

Depois de sete anos, o coveiro reabriu a vala
Foi num tempo longe do agora, no fim do século passado, no tempo da escravidão. Em Piracicaba, lá pelas bandas do Morro do Enxofre, de vez em quando, onde havia um mato cerrado, aparecia a INHALA SECA. Não se sabe quem afirmou que um dia ela havia sido gente viva. Morreu de tísica e foi enterrada no antigo cemitério de Piracicaba (local onde foi posteriormente construido o Grupo Escolar Moraes Barros). Depois de sete anos, o coveiro reabriu a vala onde havia sido colocado o cadáver de INHALA, encontrou-o intacto - dizem que não faltava um único fio de cabelo. Sepultaram-no novamente. Passados mais cinco anos, abriram a cova pela segunda vez. Qual não foi o espanto dos presentes: Lá estava ainda o corpo da morta intacto ... Sem saber qual a atitude a ser tomada, como já estava escu¬recendo , os coveiros deixaram o corpo seco da INHALA de pé, encostado na cerca do cemitério. Porém, quando no dia seguinte voltaram para enterrá-Ia novamente, o corpo seco da INHALA havia sumido ... - Fale baixo! ... Quer morrer apedrejado? INHALA SECA tem ouvido de tuberculosa, ouve de longe! Ela traz consigo o vento, para que os seus passos, quebrando galhos no mato, não sejam escutados. Feia, muito feia, e muito magra; com os dedos longos e secos, armados de enorme unhas, mostrando sob os farrapos e folhas, os ombros esqueléticos. Segundo os que tiveram a desventura de "topar" com ela, há a informação de que se vestia de mato. Era horrível mesmo. Tinha * cabeça grande coberta pela cabeleira desgadelhada. Rosto chupado e olhos esbugalhados, vermelhos e acesos. No "Almanak de Piracicaba para o ano de 1900", Escolástica Couto Aranha - brilhante figura do magistério paulista, esposa do professor Antônio Alves Aranha, o fundador da Escola Normal de Piracicaba - registrou pela primeira vez o mito da INHALA SECA. Quando se pretende enfiar o bedelho no passado, o melhor mesmo é ouvir os "antigos". E os "antigos" dizem que ouviram contar que ela pegava gente e levava para o fundo da barroca ... O mito da INHALA SECA é, sem dúvida uma variante do "Corpo Seco", homem que passou pela existência terrena semeando malefícios. Ao morrer, nem Deus, nem o diabo, aceitaram sua alma. A própria terra repeliu o seu cadáver, enojada de sua carne. Com a pele engelhada sobre o esqueleto, levantou-se da sepultura, para cumprir o seu fardo ...

O túmulo do Padre Galvão


Uma das mais caras e acalentadas lendas de Piracicaba é a que se refere ao túmulo do Padre Galvão, no Cemitério da Saudade. Vigário da Cidade até o ano de 1898, o padre Galvão Paes de Barros foi, a seu tempo, uma das personalidades mais influentes e queridas de Piracicaba, temido por políticos e amado pelo povo. Quando faleceu, seu corpo foi conduzido por grande multidão ao Cemitério da Saudade. E seu túmulo foi construído conforme o traçado do local, naquela época.
Aconteceu, no entanto, que o Cemitério foi reformado e, quando das reformas, muitos túmulos foram retirados de seus lugares, remexidos. O do Padre Galvão, porém, foi deixado no lugar onde se encontrava, em respeito à sua história. Intocado, fugiu aos novos enquadramentos de túmulos e de sepulturas. Mas a imaginação popular criou a lenda. Passou, o povo, a contar que o túmulo não saíra do lugar porque, no dia em que o padre ia ser enterrado, o caixão caiu exatamente no lugar onde ainda se encontra e não houve força humana capaz de erguê-lo para lhe dar sepultamenbto em outro terreno. A partir da invenção, o túmulo do Padre Galvão se tornou lugar de romaria e de orações, uma lenda piracicabana.

A lenda da noiva do rio
Autoria: Cecílio Elias Netto.

Até hoje, o rio precisa de vítimas que determinam o estio ou as enchentes.
Conta-se que o rio Piracicaba era belo e calmoso, sem corredeiras, como se fosse um remanso. Às suas margens, moravam pescadores brancos e índios. Viviam em paz. Mas, vinda não se sabe de onde, apareceu uma jovem de "cabelos longos e tão negros que parecia ter-se, numa noite escura, diluído em fiapos mil para adornar-lhe a cabeça. Lábios carnudos, vermelhos como a romã, pernas longas e bem torneadas, olhos verdes como o verde das folhagens. Seu nome, ninguém nunca o soubera, como, também, nunca souberam onde morava e do que vivia." *
Dizia-se que ela, como uma deusa, surgira das águas. Quando não aparecia, pescadores tomavam de suas canoas e iam em busca dela, do som que vinha das entranhas do rio. Forasteiros começaram, também, a aparecer na povoação querendo a jovem msiteriosa. Os homens se apaoixonavam por ela, asmulheres odiavam-na. Certa manhã, a povoação de Piracicaba acordou em sobressalto. O filho de um dos pescadores, o mais bonito - de "pele trigueira, cabelos de ouro" - havia desaparecido. Procuraram-no nas matas, ao longo do rio, gritaram seu nome. Não o encontraram. Mas perceberam que algo estranho acontecera: havia mais luminosidade no ar, mais perfume, um "ar doce e almiscarado".
Então, numa certa manhã, aconteceu o horror. O rio corcoveou, o céu se fechou, os pássaros, pacas, veados fugiram, estrondos cortaram os ares. E, de repente, tudo silenciou. O rio ganhara uma cachoeira enorme, espumas e roncos que, de quando em quando, se transformavam em gemidos. Daí, soube-se o que acontecera: o rio, enciumado com o amor da moça pelo belo rapaz, desafiou-o para uma luta sem fim. E rio e homem lutaram pela mulher que ficara prisioneira no fundo das águas. O rio venceu. E foi por isso que ganhou a cor que tem, que não é de barro, mas do "trigueiro do corpo do rapaz". O gemido do rio são soluços da jovem à espera do seu amor.
Até hoje, quando alguém morre nas águas do rio, sabe-se que morreu em busca da noiva enclausurada. O rio reage sempre. E manda avisos: se alguém morre, a enchente vem. E somente se vai quando outro apaixonado morre em busca da noiva que está presa nas pedras do Salto. Pois foi desse amor que nasceu o Salto do rio Piracicaba.

*- Esse texto, do autor, foi publicado, na íntegra, na Antologia do Folclore Paulista, Editora Literart, 1959.

2 comentários:

Camilo Irineu Quartarollo disse...

Parabéns pelas belas publicações e de pesquisa. Pesquiso para uma paródia ao Dom Quixote em Piracicaba. Abç

Anônimo disse...

nossa da inhala seca é assustador

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